[CRÍTICA] Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte 1

É sincero quando digo que sempre que escuto a clássica música tema de Missão: Impossível já espero um ótimo filme de ação. É – e sempre será – um prazer rever Tom Cruise no papel de Ethan Hunt, simplesmente um deleite único ver as acrobacias que o ator faz enquanto se entrega de corpo e alma ao personagem – e não foi diferente em Acerto de Contas – Parte 1. A propósito, já adianto que a famosa cena da moto muito discutida enquanto estava sendo gravada é tudo aquilo que prometia ser, o silêncio paira no cinema durante o desenrolar deste momento icônico, é mágico.

Mas sejamos francos ao constatar que Missão: Impossível já não é mais o thriller de espionagem que uma vez foi, a elegância de Brian De Palma, a megalomania de John Woo e a humanidade de J.J. Abrams na trilogia clássica deram lugar à ação moderna hollywoodiana implementada por Christopher McQuarrie. Não que seja algo ruim – longe disso – Acerto de Contas apenas prova como a franquia se atualizou, vemos isso no próprio antagonista da vez, uma inteligência artificial, algo diferente de tudo que tivemos até hoje

Christopher McQuarrie, pela terceira vez no comando, cria situações tensas a todo instante, a primeira hora do longa é um total caos – no bom modo de dizer. Ethan Hunt é caçado por diversos tipos de perseguidores em cenas frenéticas (com direito a um belo plano sequência) onde a angústia nos faz esquecer que o protagonista irá de livrar de alguma maneira. A ação desenfreada já virou marca registrada do diretor, marca agora abraçada aos filmes de Missão Impossível, as sequências são deslumbrantes de se ver, seja em carros, no ar ou em um trem (com momentos que os gamers de plantão lembrariam fácil dos jogos da franquia Uncharted), o entretenimento visual entregue é tão imersivo que pouco perturba quando um deus ex-machina (vulgo Tom Cruise/Ethan Hunt) surge.

Afora Cruise, o sempre bem-vindo retorno de Simon Pegg e Ving Rhames como Benji e Luther, sem falar em Rebecca Ferguson de volta ao papel de Ilsa Faust, a prova definitiva de como a repetição no elenco se tornou um grande feito de Christopher McQuarrie, fugindo da comodidade do elenco descartável nos longas anteriores. No mais, o trio de elenco feminino é quem consegue ganhar espaço neste sétimo capítulo, não só Ferguson, como Vanessa Kirby se sobressai como a Viúva Branca. Hayley Atwell (já conhecida por seu papel nos filmes da Marvel) cai de paraquedas neste elenco familiarizado, mas consegue conquistar seu lugar ao prometer bons momentos no futuro.

Talvez um dos poucos erros cometidos por Chris McQuarrie neste seu terceiro filme da franquia seja o visível aumento do alívio cômico. Ainda que sutil, há momentos desnecessários onde o diretor escolheu optar por uma leve piada – tal qual a cena onde Tom Cruise e Hailey Atwell participam de uma perseguição de carros. Em prol dos novos fãs esta talvez seja uma das opções encontradas por McQuarrie para ‘atualizar’ Missão: Impossível ao dito cinema atual, porém, aos aspirantes mais assíduos da saga que vivenciaram as obras de Brian De Palma e J.J. Abrams, tal mudança consegue incomodar.

No quesito duração, um longa com mais de 2h30 (163 minutos para ser exato) é preciso ser eficaz em passar o tempo. Acerto de Contas consegue este feito, passamos por todo o filme sem a sensação geral de tempo corrido, todavia, são em momentos durante o filme que percebe-se cenas arrastadas – a já dita cena do carro ou algumas sequências no ato final – onde Christopher McQuarrie, caso tivesse economizado alguns minutos, seria de grande agrado.

Gosto como Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte 1 é conduzido, uma bela obra, com um vilão além do comum e ótimos momentos de ação, a receita básica para um bom filme da franquia. O roteiro nos permite devanear sobre o futuro da saga, afinal, estamos no começo de um fim? Pessoalmente, espero muito poder ver Tom Cruise como Ethan por muito mais vezes, portanto, Sr. Hunt, trate de dizer ‘sim’ sempre que escutar “sua missão, caso queira aceitar…”.

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