Sequências de bons filmes são sempre um tarefa árdua a se cumprir, manter um nível semelhante ou superior ao seu antecessor é de extrema dificuldade, afinal, não basta simplesmente repetir os acertos de um e sim inovar ainda mais. Por outro lado, dar continuidade à um longa fraco acaba se tornando um trabalho mais fácil, visto que em teoria basta, no mínimo, não repetir os mesmo erros que sua primeira película. Todavia, por mais tranquilo que isso pareça em tese, Lua Nova (2009), segundo filme da franquia Crepúsculo, faz exatamente o oposto e insiste nas suas falhas.
Vamos do início, se Crepúsculo é um mero romance adolescente de essência fraca, Lua Nova não foge muito do mesmo, o clima maçante que Catherine Hardwicke começou tem continuidade nas mãos de Chris Weitz, que apenas segue a trilha de sua anterior. Embora a notável mudança na cadeira de direção esteja presente nas maquiagens mais coradas, na paleta de cores menos saturada e nos cenários cheios de vida (que pode não parecer, mas ajuda a diminuir o brega do cenário), a trama do roteiro de Melissa Rosenberg se repete na mesma fórmula tediosa.
Nesta sequência, temos Edward Cullen (Robert Pattinson) ausente durante todo o meio da história, fruto de uma melancólica referência superficial à Romeu e Julieta, no entanto, Jacob Black (Taylor Lautner) o substitui como par romântico de Bella Swan (Kristen Stewart) na narrativa. Quando digo que a trama se auto repete é exatamente aqui, sem Edward, o roteiro empurra Jacob para a protagonista e insiste na criação de um casal ainda mais sem química que em Crepúsculo, seguindo os mesmos da antiga relação, desde amor platônico até rejeições chorosas.
Na insistência decadente entre Black e Swan, a trama fica morna, não avança em momento algum e se perde na monotonia se sua protagonista, toda essa relação monitorada do segundo ato de Lua Nova se torna um desperdício de tempo sonolento e irritante. A monotonia da atuação de Kristen Stewart melhora desde o longa antecessor, mas ainda continua extremamente apática como Bella, incrível como até meros figurantes com poucos segundos de tela expressam mais reações que ela, sua personagem grita por emoção, mas Stewart mantém a mesma face inalterada em todos os momentos.
Como novo par romântico, Taylor Lautner é o oposto de Robert Pattinson na performance, se o vampiro traz emoções exageradas na face ao ponto de cômico, o lobisomem é neutro, nunca se sabe o que ele sente se não entender o contexto das cenas, quase uma atuação gêmea de Kristen Stewart. Nestes opostos masculinos, Bella Swan dá início à um fraco, mas ao mesmo tempo intrigante triângulo amoroso.
Mas como disse lá em cima, a trama repete seus próprios erros com frequência, assim como Crepúsculo, Lua Nova perde tempo valioso com romances fracos e deixa o antagonismo para um final apertado que pouco se desenrola. O melhor exemplo se fixa em Victória (Rachelle Lefevre), uma vilã de motivos passionais que poderia ter um destaque maior aqui para trazer um pouco emoção no meio da narrativa, mas apenas aparece por segundos e novamente não interage, um completo desperdício da personagem na trama.
Como se não bastasse isso, o longa sofre com um mal aproveitamento de cenas nas mãos de Chris Weitz, com momentos onde, sob cuidados de um bom diretor, trariam suspense ou ótimas cenas de perseguição, mas aqui acabam sendo reduzidas a cenas pífias que só tornam o filme mais supérfluo. Ao menos os efeitos visuais são bons, especialmente nas transformações dos lobos, uma pena pecar (novamente) nas cenas de ação com a persistência do slow motion mal utilizado.
Por ora, o segundo filme da franquia possui um final mais certeiro, mesmo não trazendo um romance que conquista corações, ainda sim dá passos firmes na relação dos protagonistas. Infelizmente, Lua Nova sofre por ser uma fusão triste de um roteiro escrito sem ânimo e monótono com uma direção covarde e uma pitada de atuações precárias, a segunda parte de uma franquia que só vai ladeira abaixo, mesmo com esperanças de ainda conseguir se erguer.
