Depois de anos sob a sombra da série original da Netflix, Demolidor: Renascido marca o retorno de Matt Murdock sob o selo da Disney, agora incorporado de vez ao MCU. E embora o título prometa um renascimento, o que vemos na prática é uma tentativa contida de equilibrar o peso dramático que consagrou o personagem com as diretrizes mais “family friendly” do estúdio.
Charlie Cox continua brilhante como o Homem Sem Medo. Sua presença em cena ainda carrega o mesmo peso emocional, e a dinâmica com o Rei do Crime (Vincent D’Onofrio), também de volta, continua sendo o ponto mais alto da narrativa. No entanto, há uma sensação constante de freio de mão puxado — as cenas de ação, embora bem coreografadas, não possuem mais a brutalidade crua que marcou a série original.
O roteiro tenta amarrar o passado sombrio de Hell’s Kitchen com as promessas do novo MCU urbano, mas sofre com uma indecisão tonal: ora quer ser sério como a versão da Netflix, ora se dobra aos alívios cômicos e à estética mais limpa da Marvel Studios.
Visualmente, a série é elegante, com uma fotografia noturna competente e trilha sonora funcional, mas falta o peso e a ousadia que diferenciavam o Demolidor dos outros heróis. A violência foi suavizada, o sangue é quase inexistente, e as questões morais profundas dão lugar a uma narrativa mais superficial e acelerada.
O veredito? Demolidor: Renascido é competente, mas cauteloso. Funciona como reintrodução do personagem ao público mais amplo do MCU, mas quem esperava a mesma intensidade visceral da série da Netflix pode sair decepcionado. Um passo importante, sim, mas com medo de pisar em falso.