Há filmes que não são grandes, mas são grandes companheiros. Os dois primeiros Truque de Mestre sempre viveram para mim neste território confortável: longe de serem obras-primas, mas entregavam aquele tipo de diversão leve, espertinha, que ajuda a dar um nó no cérebro e um descanso para a mente. Entretanto, o terceiro filme chega para lembrar que aparentemente toda mágica tem seu limite.
O maior truque aqui é descobrir onde ficou a criatividade. O roteiro é preguiçoso e opera no automático, tudo se resolve rápido, fácil e sem brilho, e ainda devo mencionar algumas soluções inconvenientes – tal qual a relação mal desenvolvida entre Henley Reeves (Isla Fisher) e Thaddeus Bradley (Morgan Freeman). Chega ser irônico como este filme consegue revelar o truque antes mesmo de embaralhar o baralho, tudo é tão artificial que nem a trilha sonora de Brian Tyler — antes vibrante, agora meramente passável — consegue disfarçar.
Antes tivemos a personalidade de Louis Leterrier no primeiro filme é o espetáculo visual de Jon M. Chu na sequência, mas agora temos Ruben Fleischer, que entrega mais um trabalho com a mesma energia de seus Venom e Zumbilândia: ação desenfreada e humor barato, que funcionam quando o terreno permite… mas aqui viram apenas barulho. O único momento em que o filme realmente respira são as ideias claramente recicladas de Uncharted (também dele), como se o diretor lembrasse de repente do que sabe fazer.
É também o filme mais curto da franquia — ironia fina para uma produção que parece ter personagens demais e protagonista de menos. O elenco vira um carrossel de coadjuvantes, cada um ganhando sua ceninha isolada, enquanto a narrativa tenta emplacar uma disputa entre gerações que, na maior parte do tempo, rende só um humor fácil. Em partes funciona, porque depender do carisma do elenco antigo para sustentar a turma nova já mostra onde mora o problema.

Dos recém-chegados, Dominic Dessa ainda consegue brilhar um pouco, fazendo contraponto ao ego inflado de Atlas (Jesse Eisenberg). Justice Smith, ótimo em papéis secundários, naufraga quando tenta assumir qualquer coisa além disso. Ariana Greenblatt, apesar do talento visto em Barbie, passa batida. E Rosamund Pike é aquele caso curioso: ela até entrega alguma presença, mas sua personagem é de uma vilania tão trivial que some no ar (desculpe a ironia).
Em suma, Truque de Mestre – O 3º Ato não passa de um filme que anuncia espetáculo, mas entrega somente fumaça. Uma continuação que nos faz repensar se realmente queria outra. E, pior, deixa o gosto amargo de que ainda virão mais. O ato final é realmente mais Scooby-Doo do que qualquer mistério de mestre. A realidade é que faltou só alguém arrancar a máscara e reclamar: “Eu teria conseguido, se não fossem essas crianças intrometidas!”.
NOTA: 3/10
