Em Knives Out: Vivo ou Morto, acompanhamos Benoit Blanc mais uma vez envolvido em um assassinato cercado por personagens excêntricos, jogos de poder e disputas ideológicas. Desta vez, o mistério se desenrola em torno de um grupo que personifica extremos: fé contra lógica, discurso contra razão, teatralidade contra investigação. A promessa é a de um quebra-cabeça sofisticado, recheado de diálogos afiados e reviravoltas inteligentes, mas a execução acaba tropeçando no próprio desejo de parecer mais engenhosa do que realmente é.
À exceção da interessante dinâmica entre a disputa religiosa e lógica dos protagonistas, o filme mal arranha a engenhosidade gostosa do primeiro Knives Out. Tudo soa excessivamente teatral, com diálogos eloquentes que parecem se forçar o tempo inteiro a parecer inteligentes. Em vez de fluir naturalmente, o roteiro insiste em exibir sua esperteza, como alguém que explica a piada antes mesmo de terminar de contá-la.
Embora os dois filmes anteriores sejam ótimos exemplos de como brincar com o gênero, Rian Johnson dá uma escorregada considerável aqui. O ritmo é fraco e o roteiro demonstra uma necessidade constante de se explicar, mastigando informações e sublinhando intenções. Em certos momentos, o mistério se assemelha mais a um episódio estendido de Scooby-Doo — só que sem a leveza ou o charme autoconsciente da comparação.

A primeira hora do longa é especialmente maçante. A introdução personagem por personagem cansa, tornando a experiência parecida com passar horas aprendendo as regras de um jogo de tabuleiro… apenas para perder o interesse quando o jogo finalmente começa. O excesso de preparação não é recompensado por um mistério à altura.
Josh O’Connor se sai bem como protagonista e consegue sustentar cenas ao lado do sempre elegante Benoit Blanc de Daniel Craig. A química entre os dois funciona, mas infelizmente o restante do elenco parece existir apenas para preencher espaço, sem grandes contribuições dramáticas ou narrativas.
Os temas abordados são interessantes e até provocativos, mas o mistério em si pouco encanta. No fim das contas, Vivo ou Morto até tem boas ideias na mesa, mas falha em transformá-las em um jogo realmente envolvente. Um filme que fala demais, explica demais e entrega de menos.
NOTA: 5/10




























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