[CRÍTICA] Missão: Impossível 3

Missão: Impossível mostrou-se uma franquia rentável desde seus primeiros filmes, não apenas por contar com a presença ilustre de Tom Cruise como Ethan Hunt (que querendo ou não é uma peça chave desta saga), mas simplesmente por conseguir passear por diferentes narrativas sem a necessidade de depender da história de seus antecessores, basta apenas um bom roteiro.

Com o terceiro longa, Missão: Impossível traz para si agora algo diferente: humanização. Brian De Palma criou algo único na estreia da franquia, mas John Woo substanciou o significado do impossível no título da sequência, entregando uma obra longe da credibilidade necessária. J.J. Abrams, todavia, resolveu nos mostrar um lado mais humano de Ethan Hunt, indo – felizmente – para um lado oposto do segundo filme.

Nesta premissa, temos Hunt afastado de suas operações e prestes a se casar, porém, quando uma de suas alunas (Keri Russell) é tida como refém, o agente volta a campo para resgata-la. Esta sinopse presente na primeira meia hora do filme já mostra muito trabalho de Abrams, que diferente de Woo, consagra um bom filme de ação e espionagem carregado de cenas de tirar o fôlego, tal qual o primeiro da franquia.

Volto a dizer que um dos pontos baixos da primeira sequência fica no romance forçado entre os personagens de Tom Cruise e Thandie Newton, algo que felizmente foi esquecido nesta continuação. M:I 3 não só descarta está relação furada como também mostra como fazer um romance decente sem danificar o foco do filme. Cruise e Michelle Monaghan carregam uma boa química nos poucos minutos que aparecem juntos, é uma relação firme, que se auto sustenta e dá sentido à trama

Um pouco disso já se vê na marca registrada sempre mencionada da saga, que são suas belas cenas de abertura, de supetão um gostinho do que há por vir nas próximas duas horas, e aqui não foi diferente. Philip Seymour Hoffman impõe terror nos primeiros dez minutos de M:I 3, sua performance no papel é magistral e colabora ao explicar o que estamos vendo: um Ethan Hunt tenso, um Ethan Hunt preocupado, um Ethan Hunt com medo. E por mais que pareça um spoiler sobre o futuro do roteiro, o essencial J.J. Abrams aparece cuidadoso em não deixar o nível da trama cair após essa chamada, tendo em mente que esta cena aconteceria em breve, a angústia se mantém por todo o longa. 

Hoffman é gigante em tela, a dinâmica protagonista-antagonista vivida com Tom Cruise é fascinante (por sinal, um dos melhores momentos de Cruise como Ethan Hunt em toda a franquia). Em comparação aos dois primeiros filmes, é justo dizer que Missão: Impossível 3 possui algo inédito: um vilão realmente marcante. Jon Voigh e Dougray Scott passaram despercebidos na franquia, mas Philip Seymour Hoffman deixou sua marca do início ao fim. É um antagonista sedento, caricato, que implica medo apenas com palavras.

E não consigo deixar passar este texto sem fazer uma breve menção às máscaras clássicas de Missão: Impossível, ainda mais neste terceiro filme, onde descobrimos como elas são criadas. A cena no Vaticano e todo o processo em que Hunt e sua equipe trabalham para criar uma face exata do vilão são sequências de acontecimentos adoráveis de se assistir, um verdadeiro deleite – detalhe para o processo de criação que consegue deixar o furo de roteiro do segundo filme ainda mais gritante.

Missão: Impossível 3 é um thriller tenso, J.J. Abrams trabalha para que seus plots causem a surpresa necessária ao ponto de deixar o espectador em êxtase sem saber se o herói conseguirá ou não salvar o dia. Se seu precedente criou uma lenda viva chamada Ethan Hunt, este veio para lhe desmitificar e mostrar como tal herói ainda continua sendo um humano.

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