A Saga Crepúsculo é, desde seu primeiro filme, uma franquia banal que pena a acertar seu tom no romance inexpressivo que a encabeça. A partir de seu terceiro longa, Eclipse, é possível notar como o próprio estúdio não entende como melhorar a história de Bella Swan e seu triângulo amoroso, optando então pela segunda troca na cadeira de direção, um terceiro diretor que comanda a franquia, a esperança de que agora a saga enfim começa a andar.
Quem assume a liderança da produção em Eclipse é David Slade, diretor de poucos trabalhos, mas que, ao menos até aqui, o primeiro a acertar um pouco a mão com Crepúsculo. Sob os comandos de Slade, até mesmo o roteiro ainda fichado de Melissa Rosenberg ganha um pouco de cor, as cenas de ação se tornam mais firmes e convincentes e a narrativa caminha com os pés no chão.
Se nos dois primeiros longas a trama peca se repetindo em lances amorosos mórbidos e decadentes, Eclipse é aquele que tenta fugir disso, mesmo com as marcas aparentes desse romance monótono. Iniciado em Lua Nova, o cômico triângulo amoroso entre Bella (Kristen Stewart), Edward (Robert Pattinson) e Jacob (Taylor Lautner) se torna foco aqui, química é uma coisa pouco existente entre os três, resta apenas as infantis provocações dos dois homens por sua amada.
Nesta caída relação, irritação é a palavra que define as constantes indecisões de Bella com seus dois protetores, protagonista de conversas cansativas nas cenas com Jacob e uma intimidade aguada com Edward. Presa entre esses dois opostos, o frio vampiro e o quente lobisomem (e digo, é preciso ser bem mente aberta e aceitar as leis desse universo ficcional para chamá-los pelo que são), Bella surge como a real fusão desses divergentes: o morno, exatamente como a trama se define. Ao menos, depois de dois filmes forçando uma maçante química entre Edward e Bella, enfim é possível aceitar com mais naturalidade aa interação entre ambos.
Não vale a pena dar um mínimo comentário sobre as atuações destes três, afinal, em momento algum mudam suas expressões com relação aos filmes anteriores, Kristen Stewart continua com a mesma monotonia indiferente no rosto, Taylor Lautner a acompanha nesta inexpressividade com suas falas pobres decoradas, Pattinson ao menos diminui um pouco suas extravagantes performances que desconfortam os olhos, mas nada muito evolutivo.
Felizmente, Eclipse não se limita apenas aos cuidados das intrigas amorosas da jovem Swan, David Slade trabalha apenas com o que já foi apresentado sem a necessidade de implementar novos fatores que em pouco ou nada acrescentariam na trama. Nesta escolha, o longa se torna bem mais interessante, explora mais da mitologia da adaptação de Stephenie Mayer e entrega um devido espaço para personagens antes apagados, como o misterioso Jasper (Jackson Rathbone), a fria porém amável Rosalie (Nikki Reed) e enfim um momento (mesmo que apenas ok) para a vilã Victória (agora interpretada por Bryce Dallas Howard).
Posso dizer com certeza que Eclipse é um filme tão fraco quanto seus antecessores, mas pelo menos tem uma mente mais firme o conduzindo, o que faz um total diferencial na narrativa. David Slade é o primeiro dos três que passaram pela franquia a ter uma mínima noção do que faz, é um trabalho simplório? Sim! Mas funciona dentro de seus conformes, uma fagulha de melhoria que prepara o espectador para os atos finais de uma franquia.