Nos quatro anos de história no cinema que a franquia Crepúsculo possui, podemos resumir sua passagem pelas telonas como uma montanha russa infantil, sem altos e andando sempre na linha reta imutável, apenas em seus instantes finais engaja num pequeno aclive que traz emoção apenas para os mais jovens, todavia, uma grande melhoria na breve saída da apática trilha reta.
Amanhecer – Parte 2, desfecho da saga cinematográfica baseada nos livros de Stephenie Mayer, surge como – acredite ou não – o melhor da franquia em seus breves cinco filmes. Dentro deste gênero fantasioso, é comum que aquele que finaliza a obra geralmente seja o mais superior dentre seus antecessores, porém, este é um caso fora do comum, mesmo que assim como os demais longas de fantasia que atingem seu ápice na conclusão, a Saga Crepúsculo apenas se pinta da palavra “épico”, quando nada mais é que um mero final aceitável para a obra.
O diretor Bill Condon, quarto comandando esta franquia, foi aquele único que soube um pouco o que fazer com um romance entre humanos, vampiros e lobisomens. Diferente de seus colegas que insistiam no fraco drama adolescente, Condon aposta mais em uma trama familiar, abrangendo não só os protagonistas, mas encorajando os demais personagens a aparecer, além de trazer bons picos de humor durante a narrativa.
Curioso como, depois de um final tenso (mesmo totalmente esperado) em Amanhecer – Parte 1, a primeira parte do último filme funciona quase como uma conclusão para o mesmo, como dito, aquele leve momento familiar onde tudo parece se encaixar. Entretanto, a velocidade com que isso muda para um tom diferente e fora da tranquilidade apresentada é sufocante, um filme com duas metades fora de sincronia, mesmo erro que Condon comete no longa anterior.
Já disse uma vez em outro texto e repito, não vale a pena comentar sobre atuações do elenco principal desta franquia, Kristen Stewart, Robert Pattinson e Taylor Lautner nunca mudam seus personagens e continuam apáticos, irritantes e monótonos – e o ruim é que é fácil se acostumar com essa simplicidade depois de tanto tempo. Por outro lado, este é único longa da saga que traz ótimas atuações no diverso elenco coadjuvante, destaque para Lee Pace, que pouco aparece, mas deixa sua assinatura como o galante Garrett, e Michael Sheen, que no papel do excêntrico vilão Aro, entrega a melhor atuação que a Crepúsculo já viu.
Para a conclusão de uma saga de tal proporção, Amanhecer erra mais do que acerta, mesmo se destacando entre seus demais filmes, o longa se finaliza num desfecho covarde que não aceita consequências, com pontos abertos na trama e personagens mal desenvolvidos e assentados. Não tenho ciência de como os acontecimentos na obra literária acontecem, mas o enredo traz em si bizarros que devem ser ignorados para que a atenção não seja dividida e, como se não bastasse, entrega um dos piores CGI já feitos na história do cinema.
A Saga Crepúsculo é uma franquia que passou por mais bocados nas mãos de diretores fracos e penou até chegar em um que soube fazer algo no mínimo decente, no fim das contas, é possível imaginar que se os filmes fossem feitos por alguém competente que comandasse toda a franquia desde seu início, talvez o resultado fosse bem melhor do que esse que ela se tornou. Em suma, bem acompanhado na bela música de Christina Perri que encaixa perfeitamente dentro da trama, Amanhecer – Parte 2, mesmo imerso numa franquia rasa, traz um desfecho digno às suas medidas e faz jus ao que propôs durante seus anos em tela, podendo até mesmo emocionar aqueles que, querendo ou não, se tornaram fãs da saga de Bella Swan e Edward Cullen.