[CRÍTICA] A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 1

O ano é 2011 e estamos frente à primeira parte do último capítulo da história conturbada de Bella Swan e seu amado vampiro pop Edward Cullen. Na época, poucos eram os longas que dividiam sua trama em dois filmes (como Harry Potter e as Relíquias da Morte, por exemplo), o intuito deste formato é claramente poder contar uma história mais rica, ainda mais quando se trata de uma adaptação literária, detalhes mínimos devem ser deixados de fora para que a franquia se encerre de maneira apropriada, uma pena não ser exatamente isso que acontece aqui.

Amanhecer – Parte 1 tem um início melancólico, romântico nas belezas do casamento entre os protagonistas que abre a trama, a magia presente em tela é um pequeno fruto da relação criada nos últimos filmes, nada especial, é apenas resultado de uma “química” que acaba se acostumando. Ainda sim, é possível conseguir ver certa graça nesses momentos iniciais, depois de tanto tempo contracenando juntos, Robert Pattinson (Edward) e Kristen Stewart (Bella) sabem como se alinhar em tela.

Mas a graciosidade pouco dura, a narrativa rapidamente volta para seu monótono rótulo se embrenhando num cotidiano repetitivo na relação do casal que demora à criar um clímax. É preciso mencionar a nova mudança na cadeira de direção, o anterior, David Slade, primeiro dos que passaram pela franquia a acertar um pouco a mão com Eclipse, ao menos deixa a saga em boas mãos, o premiado Bill Condon demora um pouco, mas aos poucos vai se consagrando como aquele que consegue fazer Crepúsculo funcionar um pouco. 

Condon, durante toda a primeira metade de seu filme, vaga por meros momentos rasos no casal principal, é cansativo, mas é a partir do meio que ele enfim se apruma. Pela primeira vez na franquia, a sensação de tensão é devidamente criada e a trilha sonora se encaixa nas cenas como deve ser, por incrível que pareça, não é nada demais visto como um todo, mas o simples fato de fazer o mínimo já traz alguma validade dentro dessa saga que sofreu com falsos comandos

A narrativa se desenvolve quase num drama familiar, quase se esquecendo em alguns momentos que se trata de um romance adolescente fantasioso, uma tática certeira do diretor, que traz um pouco de coração para a produção. Entrementes, por mencionar a produção, é muito necessário revelar um forte elogio e uma crítica doída à ela, a maquiagem, mesmo se esquecendo da palidez dos vampiros, acerta em muito seu trabalho em Kristen Stewart, um dos pontos mais positivos da película, por outro lado, o CGI machuca os olhos de tão sofrível, resta apenas o riso do espectador mediante tal mediocridade. 

Chegando já no quarto filme da saga Crepúsculo, quase não é preciso mais comentar sobre a atuação dos protagonistas, a inexpressividade sempre continua lá e pode se dizer que o próprio diretor vê isso, utilizando dos diálogos para precisar dizer as emoções que a protagonista vivida por Kristen Stewart está vivenciando. Por outro lado, depois de tanto tempo vendo o rosto sem sal da atriz, é fácil de se acostumar com a monotonia congelada de sua face, uma marca enraizada na própria personagem. Pattinson, Lautner e qualquer outro pouco merecem menção, é apenas mais do mesmo nas performances pacatas.

Afora isso, Bill Condon, a verdadeira e única estrela capaz de salvar o que quer que fosse dessa franquia, também consegue ser o único diretor a não se perder com o antagonismo, afinal, ele não necessita de algo diferente e trabalha com exatidão naquilo que propõe desde o início, é tudo bem calculado. Amanhecer – Parte 1 é o início da prova de que qualquer filme da saga poderia ser no mínimo razoável se tivessem alguém decente sob o comando, a primeira parte do capítulo final de Crepúsculo faz o mínimo necessário e consegue sair um pouco do repetitivo romance clichê superficial.

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